sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Venda de ações da Petrobras

Analistas recomendam uso do FGTS para comprar ações da Petrobras Tetê Monteiro - Estado de Minas
Publicação: 03/09/2010 06:18 Atualização: 03/09/2010 08:20
Plataforma da estatal petrolífera: acões da companhia tiveram valorização de mais de 600% num período de 10 anos, 10 vezes mais que o verificado no fundo de garantia - (Agência Petrobras-26/9/09
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Plataforma da estatal petrolífera: acões da companhia tiveram valorização de mais de 600% num período de 10 anos, 10 vezes mais que o verificado no fundo de garantia
O mercado acordou ansioso para saber os detalhes da oferta global de capitalização da Petrobras. O aviso ao mercado, com os dados da operação, está previsto para ocorrer nesta sexta-feira, de acordo com fato relevante encaminhado pela estatal à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na quarta-feira à noite. Mas, mesmo antes de conhecer os pormenores do que pode vir a ser a maior operação de capitalização da economia mundial, analistas recomendam que os acionistas minoritários usem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para comprar ações da petrolífera no processo de capitalização de R$ 150 bilhões da empresa, confirmado para 30 de setembro. A razão é simples: lucratividade.

Enquanto a valorização das ações da Petrobras chegou a 663,78% em 10 anos – de 10 de agosto de 2000 a 10 de agosto deste ano –, o rendimento do FGTS foi de apenas 65,06% no mesmo período, segundo dados do Instituto FGTS Fácil. Ou seja, a diferença entre as aplicações superam os 500% e animam qualquer trabalhador a aplicar nos novos papéis da petrolífera. Aí está o detalhe: só podem participara da oferta pública investidores que compraram ações da estatal com recursos do fundo em agosto de 2000. De acordo com a Caixa Econômica Federal, dos 312 mil trabalhadores que à época investiram na empresa, apenas cerca de 90 mil mantiveram suas aplicações até hoje, regra determinada pelo governo na capitalização.

Segundo a Caixa, os trabalhadores poderão usar 30% do valor total do FGTS na compra das novas ações e o percentual poderá vir tanto de contas ativas quanto de inativas. Informações como limitação de investimento com o uso do FGTS, no entanto, ainda não foram detalhadas, o que pode ocorrer nesta sexta-feira no aviso ao mercado. Dados da consultoria Global Financial Advisor mostram que, atualmente, o Fundo FGTS Petrobras representa 2% do total da participação de acionistas na estatal. Para manter a atual participação, os investidores teriam que desembolsar R$ 3 bilhões, o que, pelas contas do presidente do Instituto FGTS Fácil, não deve ocorrer. “Se 85 mil trabalhadores sacarem os 30% que lhe são de direito, poderão levantar no máximo R$ 1 bilhão”, diz Mário Avelino.

O superintendente da Petra Corretora, Juliano Lima Pinheiro, é breve em sua recomendação para usar o FGTS. “Não é preciso nem fazer as contas. E, com as regras da capitalização definida, a tendência é de uma recuperação forte dos papéis”, afirma. Na quinta-feira, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4 PN) foram de longe os ativos mais negociados da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), movimentando R$ 736 milhões. A valorização continuou pelo segundo dia consecutivo e fecharam o pregão com curva positiva de 2,10%.

O diretor-sócio da consultoria Global Financial Advisor, Miguel Daoud, também afirma que o melhor que o investidor pode fazer agora é usar o FGTS na compra das ações. “Para manter a mesma participação, o minoritário vai ter que se esticar. Então, quem já comprou as ações da petrolífera lá atras (em 2000) deve manter o investimento nesta nova oferta”, diz. Daoud, entretanto, afirma que, se não fosse pelo uso do FGTS, ele não compraria os novos papéis. “O investidor tem que avaliar se vale a pena. As dúvidas jurídicas continuam e as incertezas também. Não temos tecnologia para tirar o petróleo e isso não deve ocorrer antes de 10 anos. E a que custo isso ocorrerá?”, questiona o economista.

ICEBERG Para os investidores, detalhes como esses parecem não pesar. O economista e corretor de ações autônomo, Ricardo Reis, atualmente tem 30% das sua carteira investida nos papéis da Petrobras. De acordo com ele, se a oferta na capitalização for abaixo de R$ 30, a ação se torna ainda mais atrativa. “Especula-se um valor entre R$ 25 e R$ 26. Esse tipo de papel é considerado barato quando fica abaixo de R$ 30. O preço está aviltado”, diz.

De acordo com Reis, se o papel fechar abaixo dos R$ 30 na nova oferta, ele pode destinar 100% dos seus investimentos para as ações da petrolífera. “Não vejo risco algum na capitalização. Quem será o novo presidente da estatal, independente de quem seja o eleito presidente do país, me preocupa muito mais, porque o investidor está interessado em saber se os investimentos vão ser colocados em prática”, declara.


Para Doud, há um risco ainda de que o processo pode emperrar por algum impedimento jurídico. “O governo mudou as regras do jogo e algum minoritário pode questionar isso na Justiça. Como não tinha dinheiro para investir, mudou o marco regulatório de concessão para repartição. O próprio preço do barril a US$ 8,51 pode ter questionamentos”, diz. Ainda de acordo com o economista, fazer uma operação deste tamanho a três dias das eleições pode ser um risco. “ O pré-sal exige investimentos de US$ 600 bilhões. A capitalização de 30 de setembro é apenas a ponta do iceberg”, diz.

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